domingo, 8 de abril de 2012

PENSANDO TECNOLOGIA E SOCIEDADE - PARTE II

   Como foi dito na Parte I existem múltiplas interpretações e compreensões no que diz respeito à tecnologia. Atualmente, a pós-modernidade tem avançado muito sobre as análises, alimentando a dualidade nas interpretações, jogando entre as possibilidades, no que diz respeito ao avanço das tecnologias, de "fim da história" e de "nova sociedade". Essa vertente surge baseado nas afirmações de que os clássicos (Marx, Durkheim, Weber) não são suficientes para explicar as mudanças atuais da sociedade. 

   A questão da tecnologia não está isolada da sociedade, afinal é um produto desta e chegamos a um ponto onde esta encontra-se difundida de tal modo que não é mais possível pensarmos nos processos de produção ignorando os avanços tecnológicos. Ela trouxe uma emancipação da irracionalidade, novas forças sociais, mas também deformações como as contradições e as condições adversas. Vivemos uma crise paradigmática e um presentismo, não somente no que diz respeito à tecnologia, mas à sociedade como um todo. 

   Por isso, antes de pensarmos as questões tecnológicas devemos pensar a economia, a política, o social e a cultura da sociedade. Isso não ocorre nas diferentes formas de analisar a tecnologia, fazendo com que elas não sejam tão diferentes assim.

   Hoje nos deparamos com uma fuga do concreto a partir da virtualização do ser que ocorre a partir do momento que os sujeitos não conseguem enfrentar a realidade concreta e tenta enfrentá-la virtualmente. Os indivíduos recebem um excesso de informação, mas de forma acrítica e alienada, que não promove um conhecimento, mas somente uma reprodução automática, exemplificada no consumismo exacerbado. 

   Quanto maior e mais rápido o avanço da tecnologia há o equivalente no encarecimento e exclusão de uma parte da população no acesso a elas. Isso significa que mesmo com a implantação de programas que procuram massificar a inclusão digital, o acesso à tecnologia ainda é limitado a uma faixa social que não corresponde à totalidade.
 
   A autora baseada em Marx, questiona a forma de interpretação da tecnologia. Explica que toda inovação/Invenção é resultado de um processo social que visa garantir e sustentar a sociedade burguesa e que está intimamente ligada ao desenvolvimento capitalista na busca de respostas à expansão do lucro e da produção. Um exemplo disso é a cidadania digital, onde mesmo que nossa referência seja a comunidade local, vivemos, através das redes sociais, a possibilidade de interação global, que acompanha o desenvolvimento atual do capitalismo. Desloca-se então de uma questão individual para algo coletivo.

   A autora traz que Marx e seu método ainda é válido para essa análise. Explica que 
"entre muitas contribuições de seu método, pode-e inferir que pensar em tecnologia, reconhecida como caixa preta na esfera das ciências sociais, em nossos dias significa percebê-la como componente de uma realidade complexa, intricada, que apresenta múltiplas facetas e que não se dá a conhecer ao primeiro contato, estando sempre impregnada de interpretações que precisam ser depuradas [...]" (p. 18)

   Vale lembrar que a tecnologia não é fruto da vontade de um individuo, mas sim da necessidade da sociedade, portanto não podemos isolá-la na hora da analise, pois estão vinculadas a "um projeto de sociedade, a um complexo de ações políticas, de determinações econômicas e de relações recíprocas e heterogêneas". De nada valerão os estudos se os alvos do conhecimentos continuarem sendo separados da realidade, como se fossem a solução para todos os problemas da sociedade. 

   Na sua relação com o trabalho do assistente social, fazemos um link com o cerne do texto que é a criticidade frente as questões tecnológicas. Uma postura crítica de modo que não neguemos o acesso aos sistemas de informações quando estes configurarem elemento importante para o trabalho do assistente social. Devemos procurar, no espaço profissional, fugir de uma visão fatalista, negativa sobre as determinados acontecimentos, ocorrências, etc.; contudo, buscando questionar, investigar, até duvidar, se necessário, porém, adornados por uma postura crítica propositiva.

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