sexta-feira, 27 de abril de 2012

Uma análise do impacto da internet nas relações sociais

   Observamos atualmente que as tecnologias trouxeram para a sociedade uma nova forma de relacionamento entre as pessoas.  A Internet está mudando a organização e os processos de trabalho e as estruturas físicas (trabalho em casa, reuniões internacionais pela internet), a escola, tendo como exemplo o ensino a distância no nível superior, o esquecimento de estruturas que até então eram essenciais para a formação (bibliotecas, salas de aula, etc.)
    Isso vem impactando o mercado de trabalho, pois existem vagas que não são preenchidas por "falta de profissionais qualificados" e ao mesmo tempo existem inumeras demissões causadas pelo avanço tecnológico nos meios de produção. Além disso temos a ilusão da inclusão social, nos esquecendo que apesar do avanço da intenet, apenas 8% da população brasileira tinha acesso a internet em 2003. Com isso surge o discurso reacionario e mistificador de que o individuo é o culpado pela sua falta de preparo para o mercado de trabalho, que ele não se esforça, é "vagabundo". Essa visão é errada! O problema é do capitalismo que põe em segundo plano questões fundamentais para o desenvolvimento do ser humano como sujeito, como por exemplo, a educação. O acesso a educação é cada vez mais precário e mesmo no Brasil, onde se afirma que 100% das crianças estão na escola, a qual tipo de educação ela tem acesso? 
     A tecnologia hoje ou é demonizada ou é santificada. Um exemplo claro disso é a questão da demissão dos cobradores pela empresa de transporte Grande Londrina, que queria trocar o cargo de cobrador por uma máquina e cartões eletrônicos. O próprio prefeito Barbosa Neto defendeu tal atitude dizendo que "Londrina precisava se modernizar". Isso é apenas um discurso para defender o lucro do capitalista Nene Constantino e os "subsídios" as campanhas politicas. É correto que não podemos parar no tempo, afinal a tecnologia traz benefícios à população, melhoria na qualidade de vida, etc, mas ao mesmo tempo, com essa gana dos empresarios em obter cada vez mais lucro, esse efeito é contrario! As demissões maciças são um exemplo disso.
     Outro exemplo disso é o avanço da propaganda e da tecnologia no que diz respeito a saúde das crianças. Essas são cada vez mais bombardeadas por propagandas de diversos produtos que desde alimentos à videogames e jogos, que tiram as crianças do espaço externo, das atividades físicas, para a imobilidade e alienação na frente de um computador ou uma televisão. Isso vem afetando diretamente a saúde das crianças e jovens que tem desenvolvido cada vez mais cedo e em um índice cada vez mais alto doenças como diabetes, obesidade, colesterol, só para citar as mais comuns.
     Portanto o que devemos discutir não é a existencia ou não da tecnologia. Devemos nos perguntar a quem ela serve e de que modo.


sexta-feira, 20 de abril de 2012

A Rede Social - Análise crítica

O filme "A Rede Social" retrata a criação e o avanço do Facebook. A partir dele podemos pensar diversas questões que tangem o cotidiano e a organização social. Não podemos negar que hoje a sociedade "depende", ou melhor, tem uma forte relação com as questões tecnológicas, principalmente quanto as redes sociais como o Facebook e o Twitter, por exemplo. 

O que isso significa? Até que ponto essa tecnologia é benéfica a sociedade? Até que ponto ela nos ajuda nas tarefas diárias? Primeiramente devemos entender que as tecnologias surgiram como um modo de aprimoramento da produção social, ou seja, como algo que veio para explorar mais a força de trabalho e aumentar assim o lucro do capitalista. Ela ajudou a impor um ritmo cada vez mais acelarado tanto no trabalho quanto na vida pessoal das pessoas, pois quanto mais tempo de trabalho, mais mais-valia ela produz para seu empregador.

No inicio, o Facebook veio como uma ferramente de aproximação entre os membros das comunidades acadêmicas nos Estados Unidos, surgindo em uma universidade específica e se expandindo conforme a demanda, chegando hoje a quase 1 bilhão de usuários no mundo. Essa expansão que tomou uma visibilidade muito grande no mundo, auxilia a propagação do mistificação capitalista de que através do seu esforço, da sua genialidade, da sua esperteza, você ficará rico. É um mito, pois sabemos que isso até pode ocorrer, mas nunca para todos, afinal o capitalismo necessita da sua mão de obra, da sua desigualdade, do seu exército de reserva, pois ele só sobrevive da  exploração de um sobre a força de trabalho do outro.


Outro ponto que não podemos esquecer são as mudanças nos relacionamentos impostos por esse ritmo acelarado da sociedade. Além da produção de pseudas amizades, há o status criado através de questões como o mito da popularidade, a divulgação de questões e atividades pessoais, tornando nossas vidas um constante Big Brother. Por traz das propagandas benéficas a favor das tecnologias, temos uma inclusão social que  não é universal, temos um controle da liberdade de expressão devido a vinculos empregaticios, por exemplo, entre outras questões como a mudança, ou deturpação dos valores sociais até então impostos. 

Algumas questões relacionadas as tecnologias trazem sim benefícios e melhorias na sociedade e consequentemente na vida das pessoas, mas ao mesmo tempo não devemos esquecer porque ela surgiu, qual era e ainda é sua função dentro do sistema econômico em que vivemos.

domingo, 8 de abril de 2012

PENSANDO TECNOLOGIA E SOCIEDADE - PARTE II

   Como foi dito na Parte I existem múltiplas interpretações e compreensões no que diz respeito à tecnologia. Atualmente, a pós-modernidade tem avançado muito sobre as análises, alimentando a dualidade nas interpretações, jogando entre as possibilidades, no que diz respeito ao avanço das tecnologias, de "fim da história" e de "nova sociedade". Essa vertente surge baseado nas afirmações de que os clássicos (Marx, Durkheim, Weber) não são suficientes para explicar as mudanças atuais da sociedade. 

   A questão da tecnologia não está isolada da sociedade, afinal é um produto desta e chegamos a um ponto onde esta encontra-se difundida de tal modo que não é mais possível pensarmos nos processos de produção ignorando os avanços tecnológicos. Ela trouxe uma emancipação da irracionalidade, novas forças sociais, mas também deformações como as contradições e as condições adversas. Vivemos uma crise paradigmática e um presentismo, não somente no que diz respeito à tecnologia, mas à sociedade como um todo. 

   Por isso, antes de pensarmos as questões tecnológicas devemos pensar a economia, a política, o social e a cultura da sociedade. Isso não ocorre nas diferentes formas de analisar a tecnologia, fazendo com que elas não sejam tão diferentes assim.

   Hoje nos deparamos com uma fuga do concreto a partir da virtualização do ser que ocorre a partir do momento que os sujeitos não conseguem enfrentar a realidade concreta e tenta enfrentá-la virtualmente. Os indivíduos recebem um excesso de informação, mas de forma acrítica e alienada, que não promove um conhecimento, mas somente uma reprodução automática, exemplificada no consumismo exacerbado. 

   Quanto maior e mais rápido o avanço da tecnologia há o equivalente no encarecimento e exclusão de uma parte da população no acesso a elas. Isso significa que mesmo com a implantação de programas que procuram massificar a inclusão digital, o acesso à tecnologia ainda é limitado a uma faixa social que não corresponde à totalidade.
 
   A autora baseada em Marx, questiona a forma de interpretação da tecnologia. Explica que toda inovação/Invenção é resultado de um processo social que visa garantir e sustentar a sociedade burguesa e que está intimamente ligada ao desenvolvimento capitalista na busca de respostas à expansão do lucro e da produção. Um exemplo disso é a cidadania digital, onde mesmo que nossa referência seja a comunidade local, vivemos, através das redes sociais, a possibilidade de interação global, que acompanha o desenvolvimento atual do capitalismo. Desloca-se então de uma questão individual para algo coletivo.

   A autora traz que Marx e seu método ainda é válido para essa análise. Explica que 
"entre muitas contribuições de seu método, pode-e inferir que pensar em tecnologia, reconhecida como caixa preta na esfera das ciências sociais, em nossos dias significa percebê-la como componente de uma realidade complexa, intricada, que apresenta múltiplas facetas e que não se dá a conhecer ao primeiro contato, estando sempre impregnada de interpretações que precisam ser depuradas [...]" (p. 18)

   Vale lembrar que a tecnologia não é fruto da vontade de um individuo, mas sim da necessidade da sociedade, portanto não podemos isolá-la na hora da analise, pois estão vinculadas a "um projeto de sociedade, a um complexo de ações políticas, de determinações econômicas e de relações recíprocas e heterogêneas". De nada valerão os estudos se os alvos do conhecimentos continuarem sendo separados da realidade, como se fossem a solução para todos os problemas da sociedade. 

   Na sua relação com o trabalho do assistente social, fazemos um link com o cerne do texto que é a criticidade frente as questões tecnológicas. Uma postura crítica de modo que não neguemos o acesso aos sistemas de informações quando estes configurarem elemento importante para o trabalho do assistente social. Devemos procurar, no espaço profissional, fugir de uma visão fatalista, negativa sobre as determinados acontecimentos, ocorrências, etc.; contudo, buscando questionar, investigar, até duvidar, se necessário, porém, adornados por uma postura crítica propositiva.

domingo, 1 de abril de 2012

PENSANDO TECNOLOGIA E SOCIEDADE - PARTE I


Costuma-se interpretar tecnologia relacionando-a a máquinas, ao avanço do modo de produção, sustentando sua existência como uma forma de satisfação do usuário. A questão é que diversos autores pensam a tecnologia separada dos processos sociais, da sociedade, vendo nela uma significação em si mesma. Munford contesta a visão de que a máquina é sempre benéfica à humanidade. Na realidade, a tecnologia constitui-se num produto do pensamento e da criatividade que deveria ser colocado a serviço do homem, principalmente para esclarecer os conflitos sociais que se sedimentam neste século.

A criação de novas tecnologias gera um novo jogo de saberes e relações produzindo condições  políticas, sociais e econômicas diferentes das existentes. Nem por isso há uma separação entre o mundo tecnológico e o "mundo real" afinal há uma relação dialética entre esses que se constroem e alteram constantemente. 

Existem diversas teorias a cerca da tecnologia, mas não há uma ruptura entre elas. O cerne da questão, exposto em no texto, está na explanação sobre quais são as implicações da tecnologia em todos os aspectos da vida social.  Tapajós afirma que estas podem ser consideradas produto ou prática social; e para tal ela faz uma análise das tecnologias enquanto produto e prática social.

Hoje diversas teorias se baseiam na teoria de Umberto Eco quanto a analise da cultura de massas. Duas visões são apresentadas: a dos otimistas e a dos positivos. Os primeiros interpretam que a virtualização afeta a sociedade como um todo e a passagem pelo “surto tecnológico” levará a uma nova humanidade. Pensa-se na desterritorialização, ou seja, o abandono do aqui e do agora nessa virtualidade onde coexistem mentiras e verdades e que gera novas relações sociais, novos códigos e estruturas próprias.

Já os positivos veem tal avanço tecnológico como algo nefasto à sociedade pois cria perversos efeitos morais, políticos e culturais consequências das crises de referências, afinal as informações são mediatizadas e a urgência com que são repassadas acaba por gerar mais desinformação, ao passo que são superficiais. As instituições sociais não teriam força para controlar o fluxo de informações gerando “maior devastação teórica e moral da historia humana”.