Durante duas
semanas ocorreram na UEL duas calouradas. Uma do DCE, que rompendo com a
decisão tirada em assembléia, organizou sua própria calourada e boicotou os
centros acadêmicos e os estudantes, que afinal, são sua base. Os Centros
Acadêmicos de Educação Física, de Biblioteconomia, de Administração, Serviço
Social, Medicina, Ciências Sociais, Comunicação e Biologia, estudantes
independentes de Artes Visuais, Letras e Geografia, as entidades políticas
ANEL, PSTU, Corrente Proletária na Educação, Barricadas Abrem Caminhos,
apoiados pelo Centro de Direitos Humanos, ASSUEL e SINDIPROL/ADUEL, realizaram
a CALOURADA UNIFICADA 2012.
O ultimo debate realizado foi sobre a Repressão que ocorreu na USP e que fez com
que os estudantes entrassem em greve. Para que esta atividade ocorresse
um companheiro do Comando de Greve, indicado pela assembléia, veio e trouxe um
pouco da experiencia da USP e de como a repressão foi tomando espaço dentro da
universidade. Outro companheiro, preso na reintegração de posse da reitoria,
por problemas pessoais não pode comparecer na atividade.
O
companheiro trouxe um recorte a partir do ano 2000, quando pela primeira vez,
estudantes e trabalhadores se uniram contra a proposta de um deputado do PSDB
de SP que queria aprovar uma lei que legitimasse a cobrança de mensalidade
dentro de uma universidade pública! Essa greve durou 50 dias e conseguiu barrar
a PL. Em 2002 houve outra greve referente a pauta docente. Os professore
conseguiram aprovar a contratação imediata de novos professores quando um se
aposentasse. O chamado "gatilho de reposição" sobreviveu até 2010. Em
2004 a luta foi contra as Fundações de Direito Privado que investiam em salas
de aulas e projetos "inofensivamente".
Em
2007 houve outra paralisação referente a decretos do então governador José
Serra, do PSDB, que atacava descaradamente a autonomia universitária. Após 51
dias de ocupação da reitoria, as 3 categorias da universidade conseguiram
reverter alguns pontos. Nesse mesmo ano, numa ocupação simbólica que duraria 24h
no Largo São Francisco, o então diretor do curso de direito Rodas, chamou a
tropa de choque para acabar com a manifestação.
Em
dezembro de 2008, passando por cima da lei que garante livre atividade
sindical, Brandão, diretor do SINTUSP (sindicato dos funcionários) foi
demitido. No inicio do ano de 2009 houve uma greve contra essa demissão. Nessa
greve, a PM estava as 4h da manhã, no campus Butantã para dissolver o piquete
dos funcionários.
Nesse
ano, Rodas foi nomeado reitor da USP, passando por cima da consulta à
universidade (que por sinal já é extremamente absurda - 1º turno passa pelas
congregações e no 2º turno pelo Conselho Universitário que tira a lista
tríplice para que o governador nomeio), já que este ficou em 2º lugar na lista
tríplice. Serra ainda era governador do estado.
Logo
que Rodas tomou posse foi possível perceber um aumento do policiamento do
campus, com blitz diárias. Com a morte do estudante de economia em 2010 o
reitor teve argumento para realizar o convênio com a PM para que esta fizesse
patrulhamento nos campi.
Em
outubro de 2011, 3 estudantes foram abordados pela PM pois portavam maconha.
Devido aos acontecimentos cerca de 300 estudantes se dirigiram ao
estacionamento onde ocorrera a abordagem e quase que ao mesmo tempo, de 15 a 20
viaturas chegaram ao local. A diretora do centro (FFLCH - Letras e Ciências
Humanas) juntamente com o DCE interviram a favor da força policial! Estes
tentaram convencer os 3 estudantes que foram então levados para uma sala
fechada a irem para a delegacia. Enquanto isso os outros estudantes tentavam
impedir que isso acontecesse. Com isso a polícia reprimiu os presentes e levou
os 3 para a delegacia.
Logo
após esse fato, os estudantes se reuniram em assembléia e e decidiram ocupar o
prédio da FFLCH. Na semana seguinte, a assembléia, com cerca de mil estudantes,
decidiu ocupar a reitoria da universidade reivindicando a pauta de fim do
convênio com a PM. A reitoria não aceita as propostas feitas pelo movimento e a
negociação não segue em frente. Em resposta aos estudantes, 400 homens da tropa
de choque, altamente equipados, realizam a reintegração de posse e prendem 73
estudantes. Estes ainda não sabem por quais crimes responderão. Nesse ponto as
reivindicações da greve eram: Fim do convênio com a PM, Fim dos processos, Fora
Rodas e uma estatuinte para a USP, afinal seu estatuto é da época da ditadura
militar e nunca foi revisto. Além da ação violenta na reitoria, o CRUSP -
moradia estudantil da universidade, foi cercado e houveram intervenções muito
violentas contra os estudantes.
Nesse
período diversas universidades e estudantes fizeram protestos e paralisações
apoiando os companheiros da USP. No caso da UEL além do apoio, o ato ocorreu
como resposta a uma carta do ex-reitor Wilmar Marçal publicada no JL no dia 12
de novembro de 2011 (carta na íntegra), onde chama os estudantes de
"sequazes de Guevara", "predadores do dinheiro público",
"hematófagos, mal cheirosos e arrogantes", entre muitas outras
definições.
Devido
a direção pelega do DCE foi instituído um comando de greve. Assim como em 2008
que o DCE então composto pelo MR8, PT e PCdoB fez acordos pelas costas do
movimento o mesmo acorreu esse ano. O DCE que hoje é composto por partidários
do PSOL, com apoio do PSTU, fez o trabalho da polícia na noite em que tudo
começou. Isso é inadmissível por parte de qualquer estudante e um
absurdo inexplicável por parte da direção do movimento. Por isso o comando
de greve assumiu a direção do movimento na USP e além da greve coordenou uma
calourada de protesto, trazendo shows e debates. O reitor também tentou impedir
isso, mas não conseguiu.
Não
podemos esquecer que a USP não é somente uma universidade exemplo por seus
cursos. Os atos do movimento estudantil lá servem de exemplo para todo o país.
Temos muito que aprender e debater sobre todos os acontecimentos, mas uma coisa
é certa, não podemos deixar que destruam nossas universidades privatizando-as,
cortado verbas (96% na UEL em Janeiro e Fevereiro de 2012 em relação ao mesmo
período de 2011 - fonte Jornal Gazeta do Povo), destruindo sua autonomia e
submetendo-a aos interesses de mercado. Cabe a nós estudantes lutarmos por uma
universidade realmente pública, gratuita, cientifica e laica!!!
PARA
FICAR POR DENTRO DO QUE ACONTECE NA USP E SABER O HISTÓRICO DESSA GREVE ACESSE
O BLOG: USP
EM GREVE